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Viva la vida!

  • Foto do escritor: Ana Paula Carvalhais
    Ana Paula Carvalhais
  • 30 de out. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 30 de out. de 2020

Eu já estava finalizando a compra no caixa quando fui tomada por aquele cheiro doce de abacaxi maduro. Um aroma desses nunca chega sozinho. Trouxe muita gente, momentos, lembranças. Aliás, nunca fui muito fã da fruta desacompanhada. Mas adoro seu suco, o sorvete, a gelatina e, principalmente, os recheios de bolo. Ah! Foi exatamente essa memória afetiva que, em segundos, viajou do sacolão onde eu me encontrava até os bolos de aniversário feitos por encomenda pela Dona Marilda, lá em Paraguaçu.


Quando eu era criança os bolos costumavam ter recheio de frutas: abacaxi, pêssego, figo. Na festa do meu casamento, encomendei à mesma Dona Marilda uma dessas delicias démodé - num rompante de puro egoísmo de noiva, sem me preocupar se os convidados também iam apreciar! Dois anos atrás, quando comemorei meus 40 anos, eu mesma fiz um bolo semelhante, adaptando uma receita da Rita Lobo ao meu modo indisciplinado de cozinhar. Sempre abrevio as receitas ou troco bases complicadas pelo infalível bolo de iogurte - para não correr o risco de “embatumar”.


O curioso é que na receita original, a Rita também fala muito de nostalgia, conta que era a mãe de uma amiga de infância dela quem fazia esse bolo e ainda sugere preparar a iguaria de sabor tão tropical ouvindo música cubana. Um pouco de tudo isso me invadiu com aquele o aroma e a decisão tinha que ser rápida. Peguei dois. Um pro bolo, que eu já estava determinada a fazer, e outro para levar para minha sogra, que é a pessoa que eu conheço que mais ama abacaxi literal – além de ter toda a paciência do mundo em descascar os figurados.


Bolo feito, no meio de tantos sabores, veio também aquele gostinho de culpa de quem busca um motivo especial. Mas, quer saber? Não tem que haver desculpa para colocar a melhor roupa para trabalhar de casa nem para fazer e degustar uma sobremesa com cara de festa. A essa altura do ano, toda pequena alegria e alguma doçura já bastam para celebrar o fato de estarmos vivos e inteiros.

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