O ano em que me reescrevi
- Ana Paula Carvalhais
- 19 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Não me lembro de ter feito promessas. Nem parecia ser uma temporada propícia para tal. As portas de 2018 se fecharam com um grande abismo à frente. O caminho até ali havia custado fôlego, amizades, muito latim. Dizer “feliz ano novo” não soava muito genuíno. E foi com ares de ressaca que 2019 se inaugurou. Não era álcool. É que, às vezes, a Esperança sai para dar uma volta e se perde por aí. Foi mais ou menos desse jeito.
Mas ela sempre retorna. Aos poucos, de mansinho. Mesmo quando a lama invade, mata e ameaça chegar ainda mais perto. Mesmo quando a gente vê ressurgirem monstros, que pareciam adormecidos, se despertarem nas palavras e na agressividade de gente que era tão querida; Quando o fogo consome a floresta ou quando a gente quase se acostuma a ouvir uma besteira maior a cada dia de onde deveriam vir ações e soluções.
Algumas amizades se foram. Outras surgiram, foram reveladas ou revitalizadas. Curioso como as sombras deixaram mais nítido que algumas trajetórias já não tinham tanto a ver. Revelações de todo tipo. Autoconhecimento também. Amigos que partiram de verdade para outro plano. Outros tiveram uma dor tão grande que a gente não dá conta de imaginar e só consegue abraçar e querer ficar junto. Não foi apenas o ano de “ninguém solta a mão de ninguém”. Foi também tempo de me reinventar. E como!
É interessante como a adversidade nos sacode. Ter a clareza de que as coisas não melhorariam em um âmbito, de repente, impulsionou a vontade de tornar tudo melhor ao redor, nas pequenas coisas. Querer arregaçar as mangas, fazer diferente. Fazer a diferença. Apostei no meu lado empreendedor, me recriei, diversifiquei, me expus como nunca! E mesmo sem promessa, quanta coisa mágica se concretizou! Nasceram lindas parcerias, muitos vídeos, projetos, este site e até livros – um autoral para crianças e outro, em co-autoria, sobre a Amazônia que dá gosto da gente ver. E saio então desse ano velho com alma nova. De paz com a Esperança, para darmos uma volta juntas.

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