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Essencial

  • Foto do escritor: Ana Paula Carvalhais
    Ana Paula Carvalhais
  • 13 de mar. de 2020
  • 2 min de leitura

Somos colocados à prova a todo instante. Opinião, lado, valores, crenças, opções de consumo. Tudo. É como se a cada esquina tivéssemos que mostrar ao que viemos. Rejeitar ou acatar o que acreditamos ser ou não ser da nossa “essência”. Tal como o tabuleiro do Jogo da Vida, é como se placas afirmassem ‘se você pensa assim, ande duas casas’. Se acha assado, retroceda, vire à esquerda, à direita... Quebre a cara, perca amigos, retome, levante. Recomece.


São escolhas, padrões, consequências em forma de experiência e aprendizado. Coisas que vão nos dando a forma do que hoje somos ou pensamos ser. E assim vamos mesclando o que capturamos da educação recebida a tudo que catamos pelo caminho. Por isso acredito que o passo adiante sempre tenha a ver com a experiência anterior, com a frustração ou benefício do que foi aprendido antes. Vez por outra há também golpes de sorte que surgem para sacudir as estruturas a perguntar: qual sua essência? Você vai mesmo levar essa bagagem ou quer mudar totalmente a rota?


Fiquei pensando a respeito durante uma visita, recentemente, a uma livraria na lusitana

cidade do Porto. Um lugar incrível, que já se gabava de ser uma das livrarias mais bonitas do mundo, quando a escritora britânica J.K. Rowling admitiu ter se inspirado no local para descrever um dos cenários do livro (e posterior filme) da saga Harry Potter. O estabelecimento então se viu transformado em febre e, provavelmente, teve que repensar sua essência. É claro que não dava para deixar de surfar o grande tsunami - até porque era algo essencialmente ligado ao mundo da leitura. Mas como administrar tanta gente?


Ainda hoje, mais de 20 anos após o estrondo, o local fica entupido de fãs. A solução foi cobrar ingresso. Visitantes- admiradores ou não do bruxo -, pagam 5 Euros para conhecer o interior da loja e sua intrigante escada disforme. Poderia soar como mera exploração. Mas não é bem assim. O valor é devolvido em forma de desconto na compra de um livro.


Desafio mesmo é manter o controle diante de tantas obras e não exceder o voucher nas edições especiais da livraria-editora, com publicações em diversas línguas e espaços exclusivos para grandes nomes da literatura portuguesa. Na saída, caso o visitante tenha se esquecido, uma funcionária aborda um por um, certificando-se do uso do desconto. Afinal, a essência do lugar é vender livros e não, meramente, um cenário.


Assim também não é a vida? Cada um constrói seu caminho de acordo com suas coerências. E, vez por outra, vem o espelho a nos cobrar se o que estamos fazendo tem mesmo ou não a nossa cara. E, olho no olho, não adianta desviar o assunto, colocando a culpa nos outros, na sorte - ou falta dela.



 
 
 

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