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Cabeceira

  • Foto do escritor: Ana Paula Carvalhais
    Ana Paula Carvalhais
  • 31 de out. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 19 de nov. de 2019


Às vezes viajo através das palavras. Penso que, assim como roupas e acessórios, elas também seguem tendências, entram e saem de moda. Não deve demorar para empatia, engajamento e propósito, presentes simplesmente em todas as reuniões corporativas de que participei essa semana, refugiarem-se na mesma estante de museu onde jazem alpendre, abajur, ojeriza. É assim mesmo. E penso que seja um movimento natural. A língua, um dos principais ingredientes que engrossa o caldo da cultura, é algo dinâmico, vivo, em constante mutação – como a própria Cultura. Palavras da moda são como uma fotografia que congela esse momento, essa sociedade e como ela quer se mostrar.


Outro dia, observando a desordem de meu criado-mudo, lembrei-me da palavra cabeceira. O dicionário Aurélio define como “parte da cama onde se repousa a cabeça”. Talvez já esteja em desuso mas me levou à expressão “livro de cabeceira”, que dela vem. No meu caso, olho para a pilha ao lado da cama e busco entender onde ando descansando os pensamentos ultimamente.


Sempre gostei de ler várias coisas ao mesmo tempo. Às vezes é caótico, às vezes as temáticas se complementam. Podem ainda seguir caminhos paralelos, numa boa. Existe agora um certo exagero. Eu sei! Mas, no fundo, é possível alguma conexão entre o volume de Harry Potter, de J.K. Rolling, que leio para meu filho, e Como as Democracias morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. Fugindo das crueldades do mundo real ou mágico, esbarro então na palavra afeto, que tem sido uma das minhas preferidas.


Como quem degusta uma sobremesa, há mais de mês venho saboreando também duas obras recheadas de afetuosidade: Educação não violenta, da educadora parental, Elisama Santos, e o delicioso Como se encontrar na escrita, da jornalista Ana Holanda. Tento deixar os últimos minutos antes do sono para preencher com os relatos de como um olhar afetuoso pode provocar pequenas grandes revoluções no modo de pensar, enxergar o outro, escrever, se comunicar e, principalmente, no trato com os pequenos. Um jeito de repousar a cabeça, pensando em coisas boas...



 
 
 

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© 2019 por Ana Paula Carvalhais

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