Aquela tal endorfina

Ainda não inventaram nada que dê mais condicionamento ao coração que a maternidade. Mas, de repente, entre o trabalho, a cria e outras jornadas, a gente se dá conta de que não anda sobrando nada das 24 horas do dia para si. Parece mágica. O tempo some. Só que esse mesmo tempo, sempre implacável, depois nos cobra - especialmente quando se está na quarta década de vida. Não tem jeito! É preciso, então, exercitar-se.

Há alguns meses, retomei uma aula de alongamento e fortalecimento ministrada por uma amiga querida, que é fisioterapeuta. As manhãs com o ela e um pequeno grupo de vizinhas tem uma sintonia incrível de exercícios, bom papo, barulho dos passarinhos e, quase sempre, alguns minutos de meditação para encerrar. Uma atividade que tem me feito um bem tremendo para o corpo e a mente.

Esses encontros ocorrem apenas uma vez na semana e foi preciso então, encarar a famigerada aula de musculação. Afff! Quando vi que a academia, no caminho de casa, funciona de seis da manhã às dez da noite, ficou bem complicado arrumar desculpa. Lá fui eu. Não precisei de muitas aulas para lembrar o que sempre me afastou da musculação: o barulho, a monotonia, o ferro...

Mas continuo firme no propósito. Descobri que, para mim, a tal endorfina vem mais do sol que do levantamento de peso. Assim, driblo a acomodação, deixando o carro estacionado à porta da academia. Saio, caminho – e às vezes até corro – numa avenida próxima, contemplando o grande astro e a vida cotidiana do bairro para, só então, encarar os aparelhos. Tem funcionado. O sentimento de bem-estar, ao menos por enquanto, emana da sensação de dever cumprido. Acho que já é um bom começo.